segunda-feira, 27 de abril de 2009

D.Pedro II x Fidel Castro




Um texto interessante que achei. E pensar que muitos defendem o autoritarismo "dinástico" da ditadura cubana e não apoiam um soberano despótico, democrático e liberal.

Fidel Castro x Dom Pedro II

Fidel castro o DitadorCom a renúncia de Fidel Castro põe se fim aos 49 anos de poder do monarca latino do século XX, e com ela, torna se possível fazer uma comparação com um monarca latino que reinou na América no século XIX.

Embora ambos tenham governado seus países pelo mesmo número de anos, tivessem estatura física privilegiada e cultivado a mesma barba branca, seus governos são opostos como a água e o sangue.



Com personalidades opostas, Dom Pedro II era um liberal autêntico, que protegia e incentivavaD.Pedro II o magnanimo o desenvolvimento do seu país através da iniciativa privada, defendendo um Estado pequeno e funcional enquanto Castro, socialista fanático, proibiu a existência de qualquer forma de propriedade privada, visando a onipotência do Estado sobre o homem.

O monarca era mundialmente conhecido por seu caráter pacifista, fora chamado por três vezes a julgar como árbitro conflitos internacionais, foi assim na questão do Alabama entre EUA e Inglaterra; nas reclamações de vários governos europeus em conseqüência da guerra de Secessão nos EUA, bem como em razão da guerra do Chile contra o Peru e a Bolívia. Fidel, ao contrário, foi conhecido por sua notória vida de guerrilheiro e incentivador de conspirações armadas em todo o mundo. Chegou a ameaçar os EUA com mísseis nucleares e tendo seu exército de guerrilheiros agido em conflitos de diversos países, como Angola e Nicarágua. Importante lembrar que Pedro II governou seu país sem nunca ter ameaçado a Câmara ou o Senado e seus membros sempre votaram de acordo com suas convicções; em Cuba, temerosos de serem perseguidos, os membros do Congresso sempre votavam em conjunto e sempre à favor do ditador, numa unanimidade inacreditável.



D.PIID. Pedro II assumiu um país escravocrata, atrasado tecnologicamente, com conflitos separatistas e com a missão de manter a unidade nacional. Obstinado, pacificou o país através do perdão e de sua exposição pessoal em áreas consideradas de risco; buscou inovações tecnológicas que pudessem integrar a nação introduzindo estradas de ferro, o telégrafo, que acabou atravessando o Atlântico, o telefone, iluminação a gás e tudo fazendo para libertar os escravos do sistema vigente, buscando os primeiros imigrantes europeus e introduzindo paulatinamente leis que libertassem os escravos. Já em Cuba, o “Comandante Fidel”, defendendo a igualdade e a liberdade transformou a população cubana em prisioneiros de sua “Alcatraz” particular e atrasando-a tecnologicamente por meio século.



Enquanto o Imperador era amado por seu povo, o Ditador era temido pelo seu. Enquanto o monarca era odiado pelos militares positivistas, o governante autoritário era adorado pelos guerrilheiros socialistas. Enquanto no Brasil do século XIX o monarca era respeitado por todas as nações civilizadas, na Cuba do século XXI o ditador era isolado.



Infelizmente, o bom “Rei filósofo”, foi derrubado e expulso do seu país pela liberdade que tanto lutou em conceder aos meios de comunicação e aos homens de seu reino vindo a morrer de pneumonia em um singelo hotel no exílio. O “Eterno comandante” renunciou honrosamente ao cargo de ditador, que garantiu pela falta de liberdade de imprensa e perseguição social e política, passando o poder de forma dinástica, ao seu irmão.



Dizem que Fidel jamais será esquecido por seu povo, por seus 49 anos de governo; enquanto Dom Pedro II, ... quem foi ele mesmo?...



Abílio Carlos Cury

Membro da Associação Causa Imperial

Advogado, Turismólogo e Monarquista.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Crítica ao Presidencialismo

Eleição + República = Democracia.
Não pode existir nada mais absurdo. O sistema presidencialista originou-se nos Estados Unidos da América como um arranjo prático e rápido para solucionar os problemas pelos quais o país passava no período. País não, mas sim países. As treze colônias britânicas que proclamaram sua independência em 1776 não tinham intenção inicial de integrarem-se profundamente. Em 1781, fora formada a Confederação dos Estados Unidos da América do Norte, que não significava muito mais do que uma união com fins de defesa externa, insuficiente para enfrentar a ameaça de ocupação pela metrópole.
Surgia assim o presidencialismo, consagrado na Constituição Americana, no ano de 1787. A criação do presidencialismo não passou de um experimento político, uma tentativa de copiar a estrutura do estado metropolitano em solo norte-americano. Enquanto na Grã-Bretanha de então o Poder Executivo encontrava-se inteiramente nas mãos do rei, que o exercia através de ministros, chegou-se à solução presidencial, apenas trocando por monarca hereditário um presidente eleito por um colégio eleitoral derivado da elite estadounidense.
No parlamentarismo, o Poder Executivo é colegiado, o monarca é seu titular, mas não pode exercê-lo sem ministros que subscrevam seus atos. O monarca britânico tem, em sua prerrogativa tradicional, o dever de garantir a estabilidade governamental do reino. Enquanto o monarca nomeia ministros, estes precisam contar com o apoio do parlamento, caso contrário não é possível governar o país, já que o parlamento, único órgão no reino com poder para fazer leis, recusa-se a aprovar qualquer projeto governamental. De modo a coibir abusos de um parlamento que recusa-se a aceitar qualquer governo, existe também a possibilidade de o monarca dissolver o parlamento, convocando, obviamente, novas eleições para que outro parlamento se forme. Deste modo, previnem-se abusos tanto do Poder Legislativo quanto do Poder Executivo.
Os fundadores da nação americana, porém, nunca enxergaram as coisas desta maneira. Acreditavam eles que o sistema parlamentarista tradicional simplesmente tornava o Poder Executivo submisso ao Poder Legislativo, gerando instabilidade governamental. Não que os americanos nunca tivessem considerado a possibilidade monárquica, não foram poucas as vozes que propuseram a coroação de George Washington como seu Rei! O próprio John Adams, vice-presidente e sucessor de Washington, propôs como título oficial do seu cargo "His Highness, The President of the United States of America, and Protector of their Liberties", que pode ser traduzido do inglês como "Sua Alteza, o Presidente dos Estados Unidos e Protetor de suas Liberdades". Washington, homem digno e republicano sincero, recusou qualquer distinção especial para seu cargo e, já sendo um homem rico, inclusive seu próprio salário! Nada disso, porém, afetou a natureza do cargo presidencial...
O modelo de um presidente seria, portanto, baseado no então monarca britânico, George III. Esse rei não era, porém, um rei qualquer. Poucos foram tão autoritários quanto ele. Em boa parte dos seus 40 anos de reinado, viveu uma verdadeira guerra contra o parlamento, dissolvendo-o a seu bel-prazer e fazendo uso da autoridade tradicional então fortemente vista nos reis por seus súditos, fruto da mentalidade da época, para impor aos representantes da nação os ministros que fossem de seu gosto.
Os americanos procuraram remediar o problema, proibindo o presidente de dissolver o congresso, e também proibindo o congresso de substituir o presidente. Os poderes seriam, assim, harmônicos, pois seriam completamente independentes.
Pode-se dizer que o sistema deu certo? Sim, porque os americanos, de cultura anglo-saxônica, já haviam absorvido em seu sistema constitucional os costumes políticos da metrópole. Dois partidos fortes e bem estruturados, espelhando o sistema britânico, logo se formaram, garantindo a estabilidade que possibilitou o desenvolvimento dos Estados Unidos da América até hoje.
Quanto à decisão da América Latina de copiar a experiência bem-sucedida do vizinho? Foi um completo desastre.
Voltemos à questão dos poderes constitucionais. Foi dito que eles seriam harmônicos por serem independentes, e que isso era possibilitado por uma firme disciplina partidária já enraizada culturalmente na política. Convém lembrar que Portugal e Espanha eram, naqueles tempos, monarquias absolutistas. O parlamento como instituição era inexistente. Todo o poder, inclusive legislativo, emanava do rei. Inexistia, portanto, uma idéia clara do que significava um partido. Os chamados "partidos" formavam-se então apenas em intrigas palacianas, e logo desapareciam quando seus participantes deixavam de ter interesses em comum. Não eram partidos, eram sim meras facções por vezes indistinguíveis entre si.
Estando ausente esse importante elemento, tornou-se óbvio o que os fundadores da nação estadounidense, e os que copiaram as instituições por eles criadas, não conseguiram enxergar:
No sistema parlamentarista, os poderes são sim independentes, porém, interdependentes. São harmônicos porque, não o sendo, não há sistema. Os poderes Executivo e Legislativo podem assumir posturas para demonstrarem quem está com a razão e o monarca, que apesar de ser titular meramente honorífico do Poder Executivo atua muito mais como um hipotético Poder Moderador, submete a decisão imediatamente ao povo, que termina por ser o supremo juiz, pronunciando-se e dessa forma exercendo a soberania nacional. Sendo a questão menos grave, resolve o conflito a instância competente do Poder Judiciário.
No sistema presidencialista, os poderes são independentes tão-somente. Apenas por isso, deveriam ser harmônicos, mas não é o que acontece na prática, pois não existe nenhum mecanismo constitucional que obrigue-os a atuar em harmonia. Se o Poder Executivo e o Poder Legislativo não concordam, resta ao Poder Judiciário resolver a questão, mas este poder também não possui investidura constitucional para forçar uma conciliação entre os outros dois em toda e qualquer questão que apareça. Pode o Poder Judiciário determinar a realização de uma nova eleição geral? Desconhecemos a existência de tal precedente. O ideal de governo responsável entra, portanto, em estado de hibernação até a próxima eleição, quando é novamente desperto mas logo posto novamente a dormir.
Ainda:
No sistema parlamentarista, o Poder Executivo é formado necessariamente por um chefe-de-estado, no caso que analisamos um rei, e um chefe-de-governo, que não é o senhor dos demais ministros, mas sim o primeiro entre eles. Existe portanto uma divisão das atribuições do poder, o que o torna mais democrático e profissional pela natureza de sua composição colegiada. Como o governo pode ser removido a qualquer tempo pelo Poder Legislativo, que representa os anseios do povo, atuando o rei como elemento estabilizador e árbitro permanente, o sistema termina por ser um relógio. A democracia não se faz de quatro em quatro anos, mas a cada segundo!
No sistema presidencialista, o Poder Executivo é formado exclusivamente pelo Presidente da República, que acumula todas as funções inerentes às chefias de estado e governo. Existem sim ministros, mas são meros assessores políticos do presidente. Como o Poder Executivo aqui é unipessoal, sua autoridade se manifesta sempre de maneira mais firme, já que uma única pessoa equivale a uma única opinião, submetendo o Poder Legislativo, que é naturalmente mais frágil, pois está sempre dividido em partidos que, por sua própria natureza de facção política, terão dificuldade em se integrar para enfrentar os abusos do cesarismo presidencial.
Resulta que, enquanto no sistema parlamentarista a soberania pertence ao povo, sendo o rei seu titular, mas por mera delegação da nação, estando obrigado a fazer uso dela de acordo com os desígnios do próprio povo, que julga constantemente sua atuação através das manifestações da opinião pública, oficiais ou não, que são fortes o suficiente para estremecer os alicerces do edifício governamental, mas sem desestabilizar o país, no sistema presidencialista a soberania, titularmente pertencente ao povo, é entregue periodicamente a um presidente despótico, que controla totalmente o Poder Executivo, anula o Poder Legislativo e, no particular caso brasileiro, possui um poder que nenhum monarca parlamentarista possui: Fazer leis, sem para isso precisar de um parlamento. São as chamadas "medidas provisórias", que raramente são provisórias apesar da designação.
A tudo isso, resiste a idéia de que a natureza da presidência unipessoal continua a ser mais democrática, pois o presidente é diretamente eleito pelo povo, exerce o Poder Executivo por delegação desse povo, e não por delegação de um monarca buscando alguém capaz de controlar um parlamento. Fala-se, ainda, em adotar o sistema parlamentarista, mas sem a monarquia, substituindo o monarca por um presidente eleito.
Tais idéias em si são esdrúxulas. Qual é a importância de se realizar eleições diretas para os cargos do Poder Executivo, se no próprio lugar onde inventou-se o sistema, a escolha se faz por meio de delegados de um reduzido colégio eleitoral? Embora o voto tenha grande importância e seja o símbolo fundamental da democracia, ele pouco vale quando se transforma em instrumento do chamado populismo, que nós, latino-americanos, tão bem conhecemos.
O sistema presidencialista consagra ao máximo o delírio grotesco segundo o qual estamos elegendo salvadores em lugar de governantes. Como no parlamentarismo as eleições só escolhem diretamente os parlamentares, dá-se prioridade às idéias e às propostas partidárias com o objetivo de constituir uma poderosa bancada parlamentar, capaz de fazer o governo.
No cenário presidencialista, o que menos termina por importar são a proposta e o projeto que um determinado governo possui para o país. A natureza democrática do sistema presidencialista baseia-se em uma suposta meritocracia,segundo a qual quem - frise-se a palavra "quem", não estamos falando de uma idéia, mas de uma pessoa - ganhou a eleição foi escolhido pelo povo e portanto é o melhor para governar o país.
Estudando rapidamente a teoria de Aristóteles sobre as formas de governo, percebemos logo que o sistema em que os melhores governam não se chama Democracia, mas sim Aristocracia! Embora muitos desconheçam esse fato, existe farto material histórico comprovando que os atenienses selecionavam seus governantes meramente sorteando os nomes dos cidadãos, e a isso chamavam democracia, pois todos os considerados cidadãos tinham chances iguais de ascenderem ao governo. Quando esses, que tinham "mais sorte" que os demais, por assim dizer, governavam em seu próprio benefício, dizia-se que a Democracia estava pervertida em uma Demagogia.
Teria, portanto, o sistema presidencialista um caráter muito mais aristocrático do que democrático. Isso, é claro, quando tratamos das formas puras de governo, o conceito de aristotélico de Aristocracia é o de uma elite esclarecida e sábia, que busca sinceramente o bem do país. Aproximando-nos um pouco mais da realidade brasileira, veríamos a forma impura, em que uma casta governa para si mesma, formando uma Oligarquia.
E a Monarquia? Também tinha ela uma forma corrupta, a Tirania. Aristóteles, porém, baseava seu conceito de monarquia na própria etimologia da palavra. Monarquia significa, no grego, a língua do filósofo, meramente "governo de um". Surpreendemo-nos então constatando, após essa longa leitura, que as atuais monarquias nada possuem em seu caráter que as faça constituir governo autoritário e centralizado, muito pelo contrário, a monarquia glorifica a democracia em sua origem teórica, privilegiando a natureza em lugar dos interesses e do dinheiro, por vezes senhores da política!
Um historiador canadense, Jacques Monet, orgulhoso da tradição monarquista do Canadá, explicou tudo de modo bastante simples: "Um Rei é um Rei, não por ser rico ou poderoso, não porque ele pertence a um certo credo religioso ou a um outro grupo. É Rei porque nasceu. Ao decidir deixar a escolha daquele que será a cabeça do estado para o mais comum denominador do mundo - o acidente do nascimento - os canadenses implicitamente proclamam sua fé na igualdade entre os homens; sua esperança do triunfo da natureza sobre as manobras políticas e sobre os interesses financeiros; pela vitória da pessoa humana."
Vemos, portanto, como o sistema presidencialista é anti-democrático e autoritário se comparado a qualquer monarquia constitucional parlamentarista atualmente existente

Por que não ser republicano e ser monarquista?

Por que não ser republicano e ser monarquista?

Por Bruno Cezar P. Soares

Nós os monarquistas Brasileiros do século XXI, nos deparamos constantemente com dificuldades quando tentamos defender as nossas idéias. Somos motivo de chacota, piadas e outras coisas do gênero, constantemente somos chamados de loucos e de saudosistas.
Como os monarquistas podem ser considerados saudosistas se não nascemos e nem vivemos na época do Império? Como ser considerado saudosista se não descendemos de famílias nobres ou da própria família imperial? Como se não somos senhores feudais a procura de vassalos e vice-versa?

Nós monarquistas modernos, não somos "anti-republicanos" só por existir a forma republicana de governo, não temos ódio por este regime, não somos apegados a tal regime ao ponto de desconsiderar outras possibilidades. Essas características muito presentes nos pouquíssimos "republicanos-militantes". É o saudosismo de que tanto nos acusam.

Os monarquistas Brasileiros entendem que, cada povo tem o seu sistema de governo e que por mais que se tente copiar um sistema que deu certo em outro país, 1° se esse sistema não estiver naturalmente na essência de seu povo e 2° se ele não for adequadamente adaptado as necessidades de seu país. Ele nunca funcionará adequadamente, assim como a república presidencialista brasileira.

A "nossa" república não funciona, pois não é nossa, nós simplesmente copiamos um sistema que outros criaram para atender exclusivamente as suas necessidades. Nosso país tem uma história de tradição monarquista de aproximadamente 400 anos, contra a "inquestionável" república de pouco mais de 100 anos. E mesmo assim a monarquia aparece ainda hoje crescendo, conclamando pessoas de todas as classes, gostos, lugares e de outros meios, pois o nosso maior ideal é ver o Brasil como país de "1º mundo" novamente é ver os nossos intelectuais serem valorizados e reconhecidos aqui e não no exterior.

Ser monarquista é valorizar o passado, preservar o presente e construir o futuro!

"Pelo Brasil e com o Imperador!"

Bruno Cezar P. Soares
Brasília-21/04/2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A República Real e o Monárquismo Estadounidense

Por Felipe Melo França


Após a II Guerra Mundial, somente 21 países (12,2%) daqueles que existem hoje, mantiveram um regime democrático ininterrupto desde 1945. Destes, 14 (66,7%) são Monarquias. Dos 49 países signatários da Carta de São Francisco, em 1945, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU), somente 12 (24,5%) mantêm regimes democráticos até hoje. Destes, 9 (75,0%) são Monarquias. As outras 3 nações são a Costa Rica, EUA e a França.


Repúblicas bem sucedidas são poucas, mas existem. Singapura, com devidas restrições, é um exemplo de sucesso; também o é a Confederação Helvética um caso sui generis de estabilidade. Tratando-se especificamente de repúblicas presidencialistas exemplos são mais raros. República presidencialista sólida e bem-sucedida é caso para estudo, para dissecação e análise laboratorial – como por parte fez Tocqueville. A grande e mais sonora exceção chama-se Estados Unidos da América.

Os EUA foi o modelo republicano de boa parte dos países da África, alguns da Ásia e quase toda a América latina. Desta maneira, foi ao molde estado-unidense que o Brasil adotou a República, posto o golpe de estado de 1889 , que derrubou a monarquia brasileira regida pelo ramo brasileiro dos Bragança. Lamentavelmente, as tentativas republicanas fracassaram e não alcançaram o sucesso da primogênita ianque.
Mas, onde esteve e está o diferencial dos EUA? Uma das possíveis respostas surge da análise da essência do presidencialismo ianque: o relacionamento do povo com seus líderes.
Os fundadores da nação norte-americana são - para os americanos - muito mais do que meros políticos, no sentido vulgar da palavra. Seus presidentes tornar-se-iam muito mais que figuras públicas. A representação exercida por esses extrapolaria o sentido jurídico-administrativo e entraria para o campo simbólico, moral, ético; o líder estadunidense assume, além do cargo formal, papel régio o qual, em outros cantos do Atlas seria exercido por um rei soberano, seja nas antigas monarquias absolutistas ou nas modernas monarquias constitucionais.

A figura do presidente-monarca é explorada ao máximo. O George Washington da nota de um dólar é simbolicamente tão real quanto Elizabeth II nas cédulas canadenses ou o Príncipe Albert nos euros monegascos. Abraham Lincoln para a posterioridade torna-se símbolo da unidade nacional, do não-separatismo, assim como foi e é o rei espanhol responsável pela unidade nacional em tempo de desacordo entre as diversas Comunidades. Na mesma linha de raciocínio explica-se a figura simbólica da primeira-dama, personificação dos valores nacionais e exemplo máximo da mulher na família americana; sem somar nem subtrair, o mesmo papel assumido pela consorte real.
Em termos genealógicos chega a ser curioso o republicanismo americano e inteligível o caráter real de seus presidentes. É dito que a George Washington foi ofertada a coroa de uma monarquia Americana, mas, a recusou. Sangue real não faltou. Descendia em linha varonil aos condes escoceses de Dunbar, que por sua vez tinham como ancestrais a Casa de Macduff, segunda dinastia real da Escócia. Também, pelos ancestrais do seu pai, Augustine Washington, o primeiro presidente americano descende oito vezes do Rei Jean de Brienne de Jerusalém, uma vez do Rei Luís VIII da França, três vezes do rei Eduardo III e três vezes do rei Eduardo I da Inglaterra – sendo este tetraneto do rei de Portugal Dom Afonso Henriques, pioneiro do estado-nação. Ainda mais curioso, Washington não fora o único presidente americano a ter sangue azul. Dúzias deles tinham algum antepassado ligado à Casa Real inglesa e com estudo mais minucioso pode-se chegar às mais longínquas dinastias européias .

Mas, Washington optou pela República. Após alguns séculos várias explicações podem ser encontradas para a recusa a coroa. Uma delas trata de contextualizar a escolha. Escolher ser uma monarquia em meados do século 18 seria por parte, acatar como modelo a corte britânica e seus vícios de então ou ainda, alguma outra monarquia absolutista preexistente no Velho Mundo, chocando-se com o ideário iluminista. O âmago revolucionário de Washington recusava o que havia de antigo e de certo modo degenerado. Seu grande engano – se foi de Washington... – fora associar os vícios de seu tempo à Monarquia.
Enganos a parte, o sucesso norte-americano foi consideravelmente influenciado pela essência realista de seu republicanismo. Como, por outro lado, o insucesso das Repúblicas latino-americanas é vinculado à visão limitada de seus governantes, incrédulos da importância de instituições milenares legadas pelas monarquias e encarnadas pelo soberano como o poder simbólico e moral do líder, a importância da definição de valores, a representação da imagem nacional e sem, contudo, engessar a nação a ideologias e visões político-partidárias.
No dizer de Lúcia Hipólito, “A Primeira Família, seja na Realeza ou na República, é sempre simbólica. Ela é uma transmissora de valores, de adesão às marcas nacionais. Seus atos apontam caminhos, soluções e possibilidades. O exemplo que ela dá revela seu compromisso com o País e seu futuro”. Na República poucas vezes se encontra uma família presidencial preparada. Ainda mais raro é quando a própria “primeira família” reconhece seu papel simbólico – uma das faltas mais freqüentes dos Chefes republicanos da América católica. Conscientemente ou não esse é um erro que passa longe da Casa mais simbólica do Novo Mundo: a Casa Branca.

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1- Como claramente se percebe ao observar a bandeira provisória dos Estados Unidos do Brazil, versão auriverde da ianque.

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2- Dos 43 presidentes norte - americanos, desde George Washington (1732-1799) a George W. Bush (nascido em 1946), 26 descendem de Dom Afonso Henriques, rei e fundador de Portugal.
Segundo o genealogista Luís Amaral, estas ligações "estão largamente documentadas e não têm nada de transcendente".
"Na América, grande parte das pessoas descende de ingleses, cuja família real tem ligações muito fortes e muito antigas à casa real portuguesa, logo desde os séculos XII/XIII".