A República Real e o Monárquismo Estadounidense
Por Felipe Melo França
Após a II Guerra Mundial, somente 21 países (12,2%) daqueles que existem hoje, mantiveram um regime democrático ininterrupto desde 1945. Destes, 14 (66,7%) são Monarquias. Dos 49 países signatários da Carta de São Francisco, em 1945, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU), somente 12 (24,5%) mantêm regimes democráticos até hoje. Destes, 9 (75,0%) são Monarquias. As outras 3 nações são a Costa Rica, EUA e a França.
Repúblicas bem sucedidas são poucas, mas existem. Singapura, com devidas restrições, é um exemplo de sucesso; também o é a Confederação Helvética um caso sui generis de estabilidade. Tratando-se especificamente de repúblicas presidencialistas exemplos são mais raros. República presidencialista sólida e bem-sucedida é caso para estudo, para dissecação e análise laboratorial – como por parte fez Tocqueville. A grande e mais sonora exceção chama-se Estados Unidos da América.
Os EUA foi o modelo republicano de boa parte dos países da África, alguns da Ásia e quase toda a América latina. Desta maneira, foi ao molde estado-unidense que o Brasil adotou a República, posto o golpe de estado de 1889 , que derrubou a monarquia brasileira regida pelo ramo brasileiro dos Bragança. Lamentavelmente, as tentativas republicanas fracassaram e não alcançaram o sucesso da primogênita ianque.
Mas, onde esteve e está o diferencial dos EUA? Uma das possíveis respostas surge da análise da essência do presidencialismo ianque: o relacionamento do povo com seus líderes.
Os fundadores da nação norte-americana são - para os americanos - muito mais do que meros políticos, no sentido vulgar da palavra. Seus presidentes tornar-se-iam muito mais que figuras públicas. A representação exercida por esses extrapolaria o sentido jurídico-administrativo e entraria para o campo simbólico, moral, ético; o líder estadunidense assume, além do cargo formal, papel régio o qual, em outros cantos do Atlas seria exercido por um rei soberano, seja nas antigas monarquias absolutistas ou nas modernas monarquias constitucionais.
A figura do presidente-monarca é explorada ao máximo. O George Washington da nota de um dólar é simbolicamente tão real quanto Elizabeth II nas cédulas canadenses ou o Príncipe Albert nos euros monegascos. Abraham Lincoln para a posterioridade torna-se símbolo da unidade nacional, do não-separatismo, assim como foi e é o rei espanhol responsável pela unidade nacional em tempo de desacordo entre as diversas Comunidades. Na mesma linha de raciocínio explica-se a figura simbólica da primeira-dama, personificação dos valores nacionais e exemplo máximo da mulher na família americana; sem somar nem subtrair, o mesmo papel assumido pela consorte real.
Em termos genealógicos chega a ser curioso o republicanismo americano e inteligível o caráter real de seus presidentes. É dito que a George Washington foi ofertada a coroa de uma monarquia Americana, mas, a recusou. Sangue real não faltou. Descendia em linha varonil aos condes escoceses de Dunbar, que por sua vez tinham como ancestrais a Casa de Macduff, segunda dinastia real da Escócia. Também, pelos ancestrais do seu pai, Augustine Washington, o primeiro presidente americano descende oito vezes do Rei Jean de Brienne de Jerusalém, uma vez do Rei Luís VIII da França, três vezes do rei Eduardo III e três vezes do rei Eduardo I da Inglaterra – sendo este tetraneto do rei de Portugal Dom Afonso Henriques, pioneiro do estado-nação. Ainda mais curioso, Washington não fora o único presidente americano a ter sangue azul. Dúzias deles tinham algum antepassado ligado à Casa Real inglesa e com estudo mais minucioso pode-se chegar às mais longínquas dinastias européias .
Mas, Washington optou pela República. Após alguns séculos várias explicações podem ser encontradas para a recusa a coroa. Uma delas trata de contextualizar a escolha. Escolher ser uma monarquia em meados do século 18 seria por parte, acatar como modelo a corte britânica e seus vícios de então ou ainda, alguma outra monarquia absolutista preexistente no Velho Mundo, chocando-se com o ideário iluminista. O âmago revolucionário de Washington recusava o que havia de antigo e de certo modo degenerado. Seu grande engano – se foi de Washington... – fora associar os vícios de seu tempo à Monarquia.
Enganos a parte, o sucesso norte-americano foi consideravelmente influenciado pela essência realista de seu republicanismo. Como, por outro lado, o insucesso das Repúblicas latino-americanas é vinculado à visão limitada de seus governantes, incrédulos da importância de instituições milenares legadas pelas monarquias e encarnadas pelo soberano como o poder simbólico e moral do líder, a importância da definição de valores, a representação da imagem nacional e sem, contudo, engessar a nação a ideologias e visões político-partidárias.
No dizer de Lúcia Hipólito, “A Primeira Família, seja na Realeza ou na República, é sempre simbólica. Ela é uma transmissora de valores, de adesão às marcas nacionais. Seus atos apontam caminhos, soluções e possibilidades. O exemplo que ela dá revela seu compromisso com o País e seu futuro”. Na República poucas vezes se encontra uma família presidencial preparada. Ainda mais raro é quando a própria “primeira família” reconhece seu papel simbólico – uma das faltas mais freqüentes dos Chefes republicanos da América católica. Conscientemente ou não esse é um erro que passa longe da Casa mais simbólica do Novo Mundo: a Casa Branca.
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1- Como claramente se percebe ao observar a bandeira provisória dos Estados Unidos do Brazil, versão auriverde da ianque.
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2- Dos 43 presidentes norte - americanos, desde George Washington (1732-1799) a George W. Bush (nascido em 1946), 26 descendem de Dom Afonso Henriques, rei e fundador de Portugal.
Segundo o genealogista Luís Amaral, estas ligações "estão largamente documentadas e não têm nada de transcendente".
"Na América, grande parte das pessoas descende de ingleses, cuja família real tem ligações muito fortes e muito antigas à casa real portuguesa, logo desde os séculos XII/XIII".
bom tem dois lados da historia nesse seu texto o primeiro e que pelo fato dos presidentes americanos darem certo e que eles pasam uma certo sentimento nascionalista que o rei pasaria aos seus súditos onde as pesoas vem ele como o grande rei salvador, bom e ou honesto (Baraqui obama)porem se em um pais da certo esse presidente monarca cabe ao povo mudar esse pensamento atrasado que nos temos e pasar a olhar com outros olhos nosso governo a fim de mudalo e se em um pais da certo porque nao aqui etc etc ...
ResponderExcluirksksksksksksksks
so pra contraria
Cada povo tem o seu governo, e se passaram 120 anos e ainda não deu certo. Então me responda quando dará?
ResponderExcluirTodo país "democrático" tem a tendência de virar um jogo de cartas marcadas, vemos nelas apenas duas forças políticas relevantes ou no máximo três ou quatro PT ou PSDB, Republicanos ou Democratas etc.
ResponderExcluirE todas elas com suas próprias Ideologias, e atreladas a patrocínios de grupos econômicos, interesses de classe; e compromissos de campanha.
A república é um jogo de futebol,sem a figura do Juiz, ou seja a nação quando não vira uma casa da mãe Joana ( como o Brasil), vira um EUA da vida, entregue apenas a duas correntes de coronéis Republicanos e democratas.
Só que diferente do Juiz de futebol, o rei não pode ser corrompido pois os políticos não tem nada a lhe oferecer, pois a nação e todo seu $$$ já do Rei!