terça-feira, 11 de outubro de 2011

O mito do extrangeirismo da ideologia conservadora no Brasil.

Escrito por Luís Afonso Assumpção | 12 Agosto 2011

Muitos alegam que esta criatura nunca existiu em solo nacional, sendo apenas uma fracassada tentativa de tropicalizar o conservadorismo made in USA.

Sempre que me identifico como "liberal-conservador", recebo opiniões que variam entre a curiosidade ou a crítica. Destes últimos a pergunta mais frequente é o que haveria de bom no Brasil para "conservar".

Já escrevi alguns artigos tentando desvendar esta entidade, sendo o último "Conservadores ... No Brasil?", em 2008. De lá para cá, algumas percepções e principalmente, algumas leituras me proporcionaram uma visão com mais profundidade e perspectiva do que escrevi em 2008 e que gostaria de compartilhar com meus leitores.



Primeiro um resumo: o liberal-conservador é um ente político-cultural com os pés fincados na tradição (no Brasil seriam o respeito à uma hieraquia de valores que vão do cristianismo e a responsabilidade individual em oposição aos valores coletivistas, com especial ojeriza a processos revolucionários) e com a cabeça econômica voltada aos modelos liberais da Escola de Salamanca, Adam Smith a Mises e Hayek. Muitos alegam que esta criatura nunca existiu em solo nacional, sendo apenas uma fracassada tentativa de tropicalizar o conservadorismo made in USA.

Estes mesmos críticos "nacionalistas" não conseguem perceber que as teorias revolucionárias é que foram implantadas à força em solo nacional, não o conservadorismo e muito menos o liberalismo econômico.

Nos últimos meses li dois livros que ajudaram-me a refinar esta percepção. Com o primeiro, "1822" de Laurentino Gomes, percebi que os personagens que circundam os acontecimentos relativos à Independência do Brasil não tinham nada a dever aos tão admirados "pais fundadores" dos Estados Unidos, principalmente Dom Pedro I e o "patrono da Independência" José Bonifácio de Andrada e Silva; Com o segundo, "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" de Leandro Narloch, obtive uma comprovação de que o pensamento liberal-conservador é de fato a base da formação do Brasil, por isso mesmo é anterior a qualquer modelo revolucionário importado desde então, seja pela influência da Revolução Francesa seja os ideais comunistas e socialistas que a sucederam. No livro de Narloch há um capítulo chamado "Elogio à Monarquia" que abaixo reproduzo alguns trechos luminares.



Elogio à Monarquia (luisafonso):

"Entre 1822 e 1831, todos os ministros brasileiros que tinham educação superior haviam estudado em Portugal – 72% deles em Coimbra" (..)

"O iluminismo propagado em Coimbra era mais comedido e cauteloso. Os estudantes liam Adam Smith, pai do liberalismo econômico, e Edmund Burke, o pai do conservadorismo britânico – os dois autores foram traduzidos para o português por José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu. Cairu foi o homem que aconselhou D. João VI, quando este chegou à Bahia, a abrir os portos às nações amigas." (..)

"O visconde de Uruguai, que foi deputado, senador, ministro e conselheiro de D. Pedro II, acreditava que era preciso “empregar todos os meios para salvar o país do espírito revolucionário, porque este produz a anarquia e a anarquia destrói, mata a liberdade, a qual somente pode prosperar com a ordem”. (..)

"Criou-se assim um ambiente em que era deselegante e infantil pregar revoluções e reformas radicais. Havia um consenso, mesmo entre os políticos brasileiros de grupos inimigos, que mudanças, se necessárias, deveriam passar por um processo lento e gradual, sem sobressaltos e traumas, garantindo liberdades individuais. “Buscavam mudanças inovadoras, mas ao mesmo tempo queriam conservar o espírito das antigas estruturas econômico-sociais”, explica a historiadora Lúcia Barros Pereira das Neves no livro Corcundas e Constitucionais, outro clássico daquela época. No meio do caminho entre as reformas e a necessidade de manter a tradição, esses políticos são chamados hoje de liberais-conservadores." (..)"Desse ponto de vista, a monarquia teve para o século 19 o mesmo papel de ditadura militar no século 20: evitar que baixarias ideológicas instaurassem o caos entre os cidadãos."

Por este trecho percebe-se que o liberal-conservador sim é que é um perfil tradicional na política nacional, mas que foi embaçado pelos aventureiros, revolucionários que adentraram à história do país a partir da proclamação da República.

De um certo modo, ao entrar na "República", abandonamos o modo político verdadeiramente republicano para nos dedicar a selvagens experiências mais ou menos revolucionárias, num processo crescente que teve, de tempos em tempos, apenas intervalos de redução em sua velocidade.

É hora, mais do que nunca, dos liberais-conservadores, voltarem ao seu lugar de direito na vida política nacional, lugar que foi lhes tirado ja há muito tempo.


Luís Afonso Assumpção é engenheiro mecânico e edita o blog Nadando Contra a Maré Vermelha – http://la3.blogspot.com.

4 comentários:

  1. "evitar que baixarias ideológicas instaurassem o caos entre os cidadãos." Nesse link Yuri Bezmenov, desertor da KGB dá uma palestra sobre como tais lixos ideológicos eram implantados pela URSS em outros países através de movimentos feministas, homossexuais, movimentos negros, sindicatos cultura hippie, etc. http://www.youtube.com/watch?v=7aVur0_hwyE

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  2. Porque você tem tantos blogs monarquistas?

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  3. Orleans foi uma das causas da Independência do Brasil?

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